*(Texto de abertura do livro Reflexões Peregrinas)*
Ninguém põe em dúvida a existência da Terra, pois ela está sob
os nossos pés. Ninguém nega a existência dos astros, pois estão
acima das nossas cabeças e podem ser vistos com os nossos olhos.
Todos sabem também que com instrumentos ópticos de longo
alcance uma infinita massa estelar pode ser vista, cujos corpos variam
intensamente em luminosidade, tamanho, cor e distância em relação à
Terra.
Nesse ilimitado conjunto, no qual o nosso planeta é apenas um
ínfimo elemento, observa-se uma organização tão perfeita que causa
assombro ao mais evoluídos cérebros humanos.
A mecânica
celeste tem polarizado mentes que se tornaram célebres na história
como resultado das suas descobertas e produções científicas.
A Terra é um ser vivo e os seres que a habitam foram
constituídos segundo os seus padrões. A cintura da Terra fica na linha
do Equador, onde ela possui a sua maior circunferência. O grande
calor desta região corresponde ás vísceras humanas, em cujos
processos caloríficos se processa a digestão. Sua espinha dorsal é a
cordilheira dos Andes e os Himalaias. Sua pele é a vegetação. Seus
vasos sanguíneos são os grandes rios é seu sistema linfático é
constituído por lagos, mares e oceanos. Os feixes de nervos da Terra
são os seus veios minerais. No corpo da Terra há uma série de seres
vivos, cuja missão é conviver com ela tal como os bacilos e as
bactérias que atuam no corpo humano.
O poder de regeneração da Terra poderá se esgotar, se os
homens a desmatarem e a tornarem erma e árida. Se envenenarem
seus lençóis aquáticos e destruírem o equilíbrio do seu campo energético, através da exploração indiscriminada dos tesouros que ela
traz em seu solo. Se estes limites não forem obedecidos a Terra pode
adoecer e como consequência os terremotos, maremotos e furacões
aumentarão sua frequência. Sem contar que as erupções vulcânicas
também podem ser um sinal deste seu desequilíbrio.
Que tudo isso exista como obra do acaso é inconcebível nas
mentes dos seres humanos que fazem uso da razão. Admitir que a
organização dos corpos infinitamente grandes, bem como dos
infinitamente pequenos (macrocosmo e microcosmo) se tenha
realizado sem a concorrência de uma inteligência Suprema é resvalar
pelas raias do absurdo.
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